quarta-feira, 3 de junho de 2009

"A Viagem" - Miguel Torga



Aparelhei o barco da ilusão


E reforcei a fé de marinheiro.


Era longe o meu sonho, e traiçoeiro


O mar...


(Só nos é concedida


Esta vida


Que temos;


E é nela que é preciso


Procurar


O velho paraíso


Que perdemos).


Prestes, larguei a vela


E disse adeus ao cais, à paz tolhida.


Desmedida,


A revolta imensidão


Transforma dia a dia a embarcação


Numa errante e alada sepultura...


Mas corto as ondas sem desanimar.


Em qualquer aventura,


O que importa é partir, não é chegar.






Foi este poema que eu seleccionei para analisar na minha exposição oral de Português no 3º Período, e fi-lo por considerar que este poema possui uma profundidade invulgar e acima de qualquer análise ou interpretação banal. Este poema representa o percurso de vida do Homem, o qual não importa o destino, apenas importa partir, ir à aventura. A vida do homem é feita de esperança, de ilusão e de uma busca e procura que visam concretizar essa esperança e essa ilusão. A tendência para desanimar com o não surgimento de resultados é também salientada neste poema, que também aqui transmite um sinal de esperança.
Em suma, este é um poema com um tom bastante profundo, fala do percurso de vida do Homem e tem influencia de varias areas, retira um pouco da lírica camoniana, através do retrato de uma viagem, e bebe igualmente da literatura contemporanea, nomeadamente ao nível da estrutura do poema.











1 comentário:

filipalexandrabarroso@gmail.com disse...

Ideias pertinentes sobre o poema, contudo, reveja o sentido de algumas frases colocadas na reflexão e os acentos de algumas palavras.

A Professora Filipa